O sofisticado iate de 46,2 metros do estaleiro holandês Feadship é voltado para todo um estilo de vida a bordo. Conheça, em detalhes, como foi construído essa joia que, em março, partiu da Europa para a Flórida, para o seu novo proprietário.
Por Marilyn Mower
Fotos Cortesia Feadship
Já faz 16 anos desde que os estaleiros holandeses Van Lent e De Vries (sob a tutela da marca Feadship) construíram um iate raised pilothouse e poucos são os modelos todo em alumínio com essa marca. Mas é inegável a qualidade e diversidade de seus iates de alumínio, tais como Sussurro, Vênus e Lady Gallant. O alumínio é o material perfeito para projetos de iate de semi-deslocantes, onde a velocidade e/ou eficiência e baixo calado são mais importantes do que o volume.
Assim, em 2014, eles finalizaram a construção do Lady May, um iate de 46,2 metros de design inovador e o mais atual modelo construído com esse material. Atualmente ele pertence a um segundo dono (que o renomeou assim) e em março partiu do Mar Mediterrâneo, onde ficava ancorado, para as águas da Flórida.
A pintura metálica em prata deslumbra e o vidro que cerca o posto de comando é tão perfeitamente sem distorções. O antigo dono do Lady May (o neozelandês Neville Crichton, empresário do segmento automotivo),pensou em pedir esse iate para o estaleiro quando o último ainda tinha apenas um ano e meio de vida. “Quando queria um novo barco, a minha ideia era apenas uma versão maior de um modelo de 41,4 metros, mas estávamos no auge da crise financeira global e eu não estava animado”, disse Crichton.
O novo desenho estava intocado. “Então, cerca de um ano depois, Ed Dubois, fundador do escritório de arquitetura, e Malcolm Meckon, designer chefe, voltaram para a prancheta e vieram com algo que realmente funcionou para o meu estilo de vida”, completou. O escritório de arquitetura afirmou que, ao invés de simplesmente aumentar o barco já existente, voltou aos primeiros passos, criando um casco que pode ser facilmente levado a 19 nós de velocidade.
Mais ou menos no mesmo período, em 2011, um dos diretores da Feadship, Henk de Vries, se aproximou de Crichton e apelou emocionalmente para ter uma embarcação do estaleiro holandês. “No início ele foi cauteloso, pois eu já tinha o pacote de design e seria a primeira vez que eles trabalhariam sem os desenhos de De Voogt. Então, tiveram que construir um relacionamento com a minha equipe. À medida que o processo avançou, essa relação desenvolveu-se muito bem”, lembrou.
Assim nasceu a ideia de um iate que deveria ter como principal característica a capacidade de entretenimento a bordo. Por isso, houve uma atenção especial ao flybridge, com potencial para receber várias pessoas em um ambiente aberto, com utilização do vidro que protege a parte dianteira e é dividido em três grandes seções, que permite a abertura e fechamento lateral eletronicamente. No teto foi instalado ar condicionado e o ambiente todo mobiliado é completo com um grande bar e espaço para refeições.
Neville Crichton também contou com os talentos da mesma equipe de design que o acompanha em seus projetos: a Dubois Naval Architects, que já criou oito iates para ele, e a empresa britânica de design de interiores Redman Whiteley Dixon (RWD).
A festa de inauguração do barco aconteceu, nada menos, do que no Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1, em 2014. “Nós poderíamos olhar para a pista enquanto desfrutávamos todo o conforto que o barco oferece. A combinação da localização do iate e o fato de assistir a corrida ao vivo e pela televisão, era como estar em uma arquibancada principal. Ao mesmo tempo, eu conseguia entreter 50 pessoas no flybridge confortavelmente. Foi, sem dúvida, a melhor maneira de assistir ao GP”, detalhou o antigo proprietário.
A estrutura
A experiência de Dubois e RWD com veleiros fez com que o estaleiro utilizasse todo o espaço possível entre os decks para criar altura máxima dos tetos e das janelas do salão principal. Em todos os lugares no barco, a vista da parte de fora é maximizada, e isso atinge o ápice na suíte do proprietário, onde um vidro escuro envolve toda a estrutura a bombordo e à boreste. É claro que, devido ao desenho do costado (que se inicia menor na popa e cresce em direção à proa), esse efeito funciona somente quando se está em pé na cabine. “Nosso primeiro pensamento foi fazer uma abertura no costado, assim era possível ter a visão sentado ou deitado na cama. Mas o ponto em questão era como evitar que água entrasse no barco”, disse o estúdio.
A resposta foi encontrada na criação de uma grande janela de seis metros em cada lado do costado. Os designers procuraram por modelos de vidros extremamente resistentes e que suportassem o peso do metal da estrutura. Nesses casos, há também normas e regras para o vidro ser resistente ao impacto de ondas. Foi preciso extensos estudos de engenharia sobre esses painéis de vidro e, mesmo quando eles foram aprovados, precisaram passar por rigoroso teste durante a construção. Neste caso, o teste inicial consistia em deixar cair na peça um peso de 5,9 quilos de uma altura de 7,9 metros (por três vezes).
O interior
O ponto confortável é o sofá semicircular no centro do salão. Muitas vezes, quando você entra em um cockpit, avista-se a parte de trás de uma peça de mobiliário. No Lady May, toda a área de estar, incluindo a mesa de café e o carpete, pode girar 360 graus em uma espécie de colchão de ar comprimido para ficar de frente para o deck de popa, o bar, a TV de 82 polegadas, a mesa de jantar ou qualquer outro lugar.
A decoração do iate é claramente masculina e monocromática. O piso de carvalho forma um pano de fundo para os espaços do proprietário e hóspedes,contrastando com tecidos naturais, móveis Macassar com detalhes de aço inoxidável.
O desempenho
Equipam o Lady May dois motores Caterpillar C32s, os maiores propulsores que caberiam no barco. Navegando a uma velocidade de cruzeiro de 16 nós, o iate consome 380 litros de combustível por hora.
Ficha técnica
Comprimento: 46,2 m
Linha D’água: 44,6 m
Largura: 9 m
Calado: 2,25 m
Deslocamento: 352 toneladas
Tonelagem bruta: 406 GT
Motorização: 2 x Caterpillar C32 ACERT
Velocidade (máxima / cruzeiro): 19 nós / 16,5 nós
Autonomia em velocidade de cruzeiro: 2 mil milhas náuticas
Thrusters: ZF Marine
Estabilizadores: Quantum, zero speed
Geradores: Caterpillar C6.6 ACERT
Tanque de combustível: 50.680 litros
Tanque de água doce: 15.170 litros
Proprietários e convidados: 12 pessoas
Tripulação: 8 pessoas
Tenders:
1 x 4.3m Novurania 430;
1 x 6.2m Castoldi Jet 21
Construção: Alumínio
Arquitetura Naval e Design Exterior: Dubois Naval Architects
Design Interior: Redman Whiteley Dixon
Gerente de Projeto do proprietário: Steve Jacover (Yacht Project Management)
Estaleiro / Ano: Feadship / 2014