A importância do painel elétrico

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Um problema bastante recorrente em embarcações é a pane elétrica, que pode resultar em um barco à deriva ou algo mais grave como um incêndio. Geralmente esse tipo de incidente tem origem no sistema elétrico, que está em péssimo estado de conservação ou mal instalado, muitas vezes sem a correta proteção de um painel elétrico.

O painel é o coração do sistema elétrico da embarcação. Todo tipo de corrente (12 ou 24 v, 110 ou 220 v) retransmitida para os equipamentos passa por ele; ou deveria passar, já que há muitos casos de instalação incorreta, colocando em risco o barco e as pessoas a bordo (veremos a seguir). Quando tudo está em ordem, caso haja um eventual problema em qualquer equipamento, a proteção correspondente a ele será desarmada e tudo ficará seguro. A quantidade de disjuntores em um painel varia de acordo com a quantidade de equipamentos elétricos que o barco terá.

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Em uma embarcação de 40 pés, há cerca de 1.800 metros de fiação. É essencial identificar ambas as extremidades de cada fio para uma localização futura, e manter uma anotação de qual fio vai para cada equipamento ou disjuntor, pois um problema no circuito pode se tornar uma verdadeira dor de cabeça.

Em barcos de menor tamanho (abaixo dos 20 pés) é muito comum a utilização de fusíveis ao invés do painel elétrico, sendo assim, ter uma caixa de fusíveis instalada é fundamental e surtiria o mesmo efeito de segurança.

A CS Náutica, especializada em sistema elétricos náuticos, prioriza a utilização de disjuntores nacionais que suportam a aplicação em barcos. Como não há modelos específicos no mercado nacional, a empresa exige certificação e garantia do fabricante para usar os disjuntores para aplicação geral também no ambiente náutico.

Se você é proprietário de um barco antigo e pretende fazer uma reforma (upgrade), com instalação de equipamentos modernos e que não estão na planta original do modelo, é essencial ter em mente que para cada ligação deve existir um circuito independente (por exemplo: uma conexão para a TV, outra para o ar condicionado, uma terceira para o frigobar, e assim por diante).

Procure mão de obra qualificada. O profissional responsável vai calcular o consumo elétrico do barco (e de cada equipamento) e, em seguida, determinar qual a proteção será recomendada para assegurar o perfeito funcionamento. Em barcos que já saem de fábrica com esperas para mais equipamentos não vai haver muita dificuldade, pois ele já terá a proteção dimensionada no painel e a fiação já estará instalada.

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Alterar a versão original do estaleiro e instalar equipamentos que não estavam no projeto inicial, sem uma consulta com um responsável, coloca em risco a embarcação. Nesse caso, é imprescindível buscar o respaldo de um profissional de preferência indicado pela própria fábrica, pois manterá o padrão do estaleiro.

“Donos de barcos simples e mais antigos, às vezes, não entendem essa importância, justamente por estarem habituados aos seus modelos mais simples. E durante uma reforma ou quando avançam para um modelo mais sofisticado não entendem a necessidade de instalar um painel de distribuição com dezenas de circuitos de proteção”, afirmou Rafael Pieper, engenheiro da CS Náutica.

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Outra opção é utilizar o bom senso e a lógica e não designar para um mesmo disjuntor a ligação de algo supérfluo com um item de segurança, como som e bomba de porão, ou unir luz de cortesia com luz de navegação. E essa falta de cuidado é mais comum do que imaginamos. Para Rafael, esse tipo de instalação é feita por uma economia de tempo do eletricista. “Como é complicado trabalhar a elétrica de um barco que já está pronto, para instalar um novo equipamento do barco, geralmente esse profissional busca um ponto mais próximo, como de uma lâmpada, ao invés de criar um circuito independente. Assim, ele não instala um disjuntor a mais, mas emenda em um que já está lá no painel. E como não há essa especificação de fábrica, surgem as famosas gambiarras”, alertou.

O dono do barco não sabe disso, para ele o importante é ver tudo funcionar. Ao comprar um modelo “seco”, sem frigobar ou ar condicionado por exemplo, ele deseja tê-los a bordo. Assim, o eletricista faz a ligação desses equipamentos sob o mesmo disjuntor. Com o tempo, ao ligar tudo de uma vez, ele desarmará. Para remediar a situação, ele chama o eletricista que troca esse disjuntor de 10 Ampéres por um modelo de 32 Amperés.

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O defeito estará consertado parcialmente: o disjuntor não cairá novamente, mas com o tempo, a fiação que não está preparada para essa carga mais elevada começará a se deteriorar, ocasionando o seu derretimento e um possível princípio de incêndio. “É fundamental procurar um profissional especialista do segmento náutico”, ressaltou Rafael.

Outra dica importante passada pelo engenheiro é a separação correta no painel elétrico de instalações que utilizam corrente alternada de corrente contínua. Há de se ter atenção, também, onde esse painel será instalado. No caso de embarcações mais simples, geralmente ele está localizado no fundo de um armário, quando o correto é deixa-lo em um lugar de fácil acesso (a questão funcional tem que prevalecer sobre a questão estética).

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No Brasil, não há uma norma específica que regulamenta esse item. Dessa maneira, costuma-se seguir alguns padrões internacionais ou utilizar os padrões da construção civil e adaptá-los para o segmento náutico. O importante, não apenas para a elétrica de um barco, é se cercar de bons profissionais que farão o melhor trabalho possível, para garantir a segurança de seu passeio.

 

Consultoria técnica Rafael Pieper, da CS Náutica

 

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