Duelando contra a umidade

Por Jorge Nasseh

 

Você está vendo esta foto aí em cima? Olhe bem para ela novamente. Dá para notar que é a foto do laminado de um casco totalmente podre, não é? Entretanto o que você não consegue ver é que o barco de onde esta foto foi tirada tinha somente cinco anos, era guardado no seco e foi construído com sandwich de madeira de balsa a vácuo com resina epoxy, por um famoso construtor americano.

 

Embora o trabalho de construção de um barco em fiberglass seja extremamente fácil, investigar o nível de umidade e resistência residual de um laminado é uma das coisas mais difíceis. A crença geral é que os barcos construídos em material composto são totalmente a prova de água, o que não é verdade, e certos barcos com o passar do tempo podem apresentar problemas devido a passagem de pequena quantidade de água através do laminado, e este efeito associado à variação de temperatura pode ser fatal.

 

Se você for comprar um barco usado, ou estiver avaliando a venda do seu, e pedir uma verificação de umidade vai acabar tendo uma surpresa. Na maioria das vezes a leitura dos medidores de umidade vai mostrar alta concentração de umidade e potenciais problemas de delaminação precoce. E a situação piora quando você descobre que o reparo da parte afetada pode ser uma boa fração do custo total do barco e que não existe uma solução simples sem uma cirurgia dramática de grandes proporções.

 

No caso específico de madeiras utilizadas na construção, seja no casco como no interior, elas são altamente porosas, e mesmo revestidas e encapsuladas com resina e fibra de vidro podem reter grande quantidade de umidade. A estrutura molecular de alguns produtos utilizados na construção de um barco possui grande quantidade de células que podem com o tempo absorver umidade, e aliada ao efeito da temperatura, comum nas regiões tropicais, estes laminados podem apresentar saturação e delaminação, que induz mais passagem de água e maior grau de saturação até a falha estrutural com o passar do tempo.

 

Por mais que pareça estranho, a maioria dos medidores de umidade que usamos na indústria náutica, para avaliação do teor de umidade nos laminados, foi desenvolvida para a medição de umidade em madeira ou papel. Antes de usar um destes medidores calibre o valor da leitura para um laminado conhecido e completamente seco, analise vários pontos e registre o valor de umidade em diferentes condições de temperatura, de modo a ter uma idéia qualitativa do nível de absorção de água no casco, e daí em diante reze para que seu barco esteja seco, pois caso contrário o custo do reparo não vai compensar o valor do barco.

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