O Wally WHY200 criou ondas com suas linhas incomuns. Com uma pequena ajuda do designer Luca Bassani, é possível superar as preocupações iniciais sobre sua aparência peculiar e se encantar com esse superiate.
É impossível não amar aquela pessoa que simplesmente chega e fala – e Luca Bassani, fundador e designer-chefe da Wally, é esse tipo de cara. “Non mi piacciono le curve”, eu não gosto de curvas. É sua resposta simples à pergunta sobre por que as linhas exteriores do novo Wally WHY200 são o oposto de curvas.
É dito com um sorriso e um riso, e é tão simples quanto isso: se Bassani quisesse mais curvilíneo, ele teria curvado, mas isso não é coisa dele. E até agora, fazer e projetar as coisas à sua maneira o deixou em boa posição: assim como os iates à vela Wally sacudiram o mundo dos superiates, os barcos Wallypower e Wallytenders também deixaram sua marca. A aparência deles pode trazer à mente algo que caiu do espaço sideral no escuro da noite, mais do que algo que saiu do porto uma manhã, mas é exatamente isso que você obtém quando não gosta de curvas.
O que Bassani gosta é de viver bem e passar tempo na água – de preferência movendo-se rapidamente em um barco que seja inovador, funcional e eficiente. Embora seu impacto estético seja significativo, conforto e desempenho sempre fizeram parte da equação. Na verdade, Bassani sempre disse que, para ele, a função vem muito antes da forma. Isso não impediu que os iates Wally ganhassem vários dos prestigiados prêmios de design Compasso d’Oro da Itália.
O WHY200 tem arquitetura naval de Laurent Giles e seu interior é da A Vallicelli & C Yacht Design. O departamento de engenharia do Ferretti Group, empresa que agora é proprietária da Wally, também contribuiu e, como o designer-chefe da marca, Luca Bassani teve as primeiras ideias para o projeto e a palavra final sobre sua aparência. O resultado é um iate de 89 pés, semi-deslocado, que ainda parece Wally, apesar de ter uma borda livre de 15 pés de altura e uma boca tão ampla, que amplia o significado de corpo largo. A proa reta é alargada ligeiramente para trás, e as linhas do casco do iate são quebradas por uma faixa contínua de vidro na altura do deck principal e um jag preto ao longo do deck inferior. A superestrutura é clássica Wally: angular a ponto de parecer ligeiramente perigosa.
Ao embarcar da plataforma de popa da praia, você percebe a vocação do WHY200 para a diversão e hospitalidade. Bancos de teca, sunpads e uma ampla escadaria central são perfeitos para um fácil acesso à água ou uma recepção adequada a uma festa. O deck e o salão estão no mesmo nível e há muito espaço. Bassani, em tom de brincadeira, se refere a popa como a pista de dança. Não há uma curva à vista – a menos que se conte a teca cobrindo as garagens laterais simétricas, que dobra as tábuas de madeira como uma cadeira Thonet.
Stefano de Vivo, diretor administrativo da Wally e diretor comercial do Ferretti Group, sabe que o WHY200 é um espetáculo, mas também sabe que a Wally sempre esteve um passo à frente. “Bassani vê imediatamente, mas mesmo no estaleiro demorou um pouco para que nós entendêssemos”, disse ele sobre o design do iate. “Não estamos esperando que ninguém diga que ama o visual exterior, mas como todos os iates Wally, levará tempo. O exterior é apenas uma consequência da busca pelo volume interno e a relação volume/comprimento criará um novo segmento de mercado, porque permite uma nova maneira de usar o iate”, comentou.
O nome do iate é uma espécie de cifra, em que o W é para Wally, o HY é para híbrido e 200 representa a tonelagem bruta do iate. Mas aqui híbrido não se refere ao sistema de propulsão; ele representa o uso híbrido que se pode obter do iate. “É um verdadeiro crossover”, revelou Bassani. “É mais do que um iate de semi-deslocamento, é um semi-explorer e um semi-fly E seus espaços de convivência são como um semi-loft”.
Ao entrar no salão, você tem aquele efeito ‘uau’, que vem com lofts grandes e leves. A abertura do espaço é espetacular, com apenas uma escada em espiral de fibra de carbono fechada por vidro no centro, e uma faixa contínua de janelas. Com seis opções de layout do deck principal à escolha, o espaço – sem anteparas – pode ser equipado como preferir, com uma cozinha e área de jantar, por exemplo, ou apenas como uma área de estar.
Há muito espaço, mas o comprimento não foi o condutor deste projeto, e sim a boca. “Descobrimos que, para os proprietários dos dias atuais, a boca vale mais do que o comprimento”, disse de Vivo. “A boca de sete metros deste iate é mais larga do que qualquer outro iate em sua faixa de tamanho e oferece o volume que você normalmente tem em um iate de 50 metros (164 pés). O WHY200 é o início de uma gama que Luca inspirou; haverá mais iates, menores e maiores que o 200, em que o conceito continuará sendo o volume”.
Mas o volume não foi o ponto de partida. “Como sempre com a Wally, começamos pensando no casco. O semi-deslocamento é muito difícil em termos de andar na água; é como se você estivesse sempre na corcunda de uma onda”, disse Bassani. “Então, com Laurent Giles e o escritório técnico da Ferretti, desenvolvemos uma forma de casco com a qual estamos muito satisfeitos. Temos 1,5 graus de aparo, em vez dos habituais três a cinco, portanto é mais confortável – você não está na inclinação de uma montanha. Sendo largo, ele também tem muito espaço e estabilidade. Mas se tivermos um casco que seja bom para as ondas, podemos ir mais rápido, digamos, de 15 a 20 nós, e ainda assim ficar confortáveis”. Ele tem um brilho nos olhos enquanto menciona a velocidade. “Isso traz um conjunto diferente de problemas, porque se você não tiver uma proa alta, você terá uma onda verde de água vindo sobre o barco. Então levantamos a proa e depois descobrimos que tínhamos criado um novo volume, um novo espaço e pensamos: por que não ter uma cabine master ali? É um lugar muito bonito. O barco é muito estável e não há muita inclinação, então é possível dormir de frente”.
“Ele faz tudo parecer fácil”, comentou de Vivo com uma risada, enquanto Bassani explica o conceito. “Há três pontos onde você pode fazer algo melhor em um barco: a popa, a proa e o deck superior”, continuou Bassani. “No WHY200, tentamos explorar ao máximo essas áreas. A popa é muito aberta, grande e espaçosa, com uma plataforma transformadora e baluartes rebatíveis, que também dão acesso às garagens; a proa tem a cabine master, e o fly tem o posto de comando e outro espaço aberto à popa”.
Embora seja a escolha do designer, a cabine do proprietário dianteira é uma opção – o Wally WHY200 também é oferecido com um espaço para refeições à frente, emoldurado por janelas. Quando o espaço é utilizado como cabine do proprietário, o cenário visível da cama central é ilimitado. Outras opções de configuração incluem a escolha de três ou quatro cabines en suite para convidados no deck inferior. Estas também recebem toda a luz e vistas que você poderia pedir, mas a verdadeira diversão está no deck superior, onde está localizado o posto de comando.
Essa é a parte mais Wally do barco. O topo de vidro e carbono é distintamente angular, mas haverá curvas ao redor – na forma de sorrisos – assim que você se aproximar dos controles. O WHY200 funciona com quatro motores Volvo Penta D13-IPS1350, o pacote mais potente da linha IPS e projetado especificamente para iates de semi-deslocamento. Este pacote compacto de motor e cápsula pode ser montado mais à popa do que um acionamento de eixo convencional. A bordo do WHY200, eles são montados sob a popa, otimizando a distribuição de peso e deixando espaço para cabines para cinco tripulantes, uma cozinha e um refeitório no deck inferior.
Quando chegar a hora de se mover, você ficará tentado a dizer à tripulação para simplesmente ficar embaixo. Os controles do joystick fazem jus ao seu nome; o iate é rápido, manobrável e estável. As telas sensíveis ao toque da Simrad exibem informações sobre todos os sistemas em funcionamento: os motores podem fornecer até 1.000 cavalos de potência cada e você pode levar o barco até sua velocidade máxima de 23 nós sem perceber.
Já foi dito o suficiente sobre a eficiência de combustível da Volvo Penta IPS, silêncio e falta de vibração. Ou será que não? Com os motores do WHY200 em um espaço com isolamento acústico sob a popa, você pode sentir o silêncio e desfrutar mais do rugido do vento, do que o de seus motores. Nas cabines do proprietário e de convidados, o ruído dos motores é quase inaudível. Você pode navegar a 15 nós desfrutando da estabilidade deste casco e inclinação de zero a um grau, ou navegar a dez nós usando dois motores para reduzir o desgaste e queimar menos de 26 galões de combustível por hora. Como a proa corta a água, não há batidas. Acelerar é um assunto sério, mas parece uma brincadeira de criança.
Os ângulos de Bassani começam a se encaixar como um quebra-cabeça, e quando desligamos os motores e abrimos os terraços laterais do barco para criar nossa própria praia particular, é possível perceber que há mais em jogo do que volume e espaço a bordo do WHY200.
