“Lancha dos Presidentes” vai a leilão na Internet

lancha dos presidentes - boat shopping 6

No final da década de 1950, pouco antes de inaugurar Brasília, o então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, mandou levar do Rio de Janeiro para a futura capital do país o então iate oficial da Presidência da República, para usá-lo no lago que estava construindo à beira da cidade – e também para deixar claro que, apesar das oposições, não mudaria seus planos de levar o comando do Brasil para o Planalto Central.

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Sessenta anos e muitas reviravoltas depois, aquele barco, uma antiga lancha com casco envernizado de madeira de 15 metros de comprimento, ainda existe – apesar de, por muito pouco, não ter sucumbido ao tempo e ao habitual descaso brasileiro quanto ao seu patrimônio histórico.

Agora, ela pode pertencer a qualquer pessoa que esteja disposta a pagar os R$ 400 mil de lance mínimo pedidos num leilão na Internet, que começou na semana passada e irá até o início de julho.

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Quem está promovendo o leilão é o atual proprietário do barco, o empresário catarinense Carlos Alberto Oliveira Júnior, dono de um centro cultural com diversos equipamentos náuticos antigos, em São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Ele adquiriu a embarcação meses atrás, com a intenção inicial de mantê-la. Mas, ao descobrir que o barco necessitaria de muitos cuidados que não teria como atender, resolveu vender a lancha, através de um leiloeiro oficial na Internet.

“Ainda não há nenhum lance, mas estamos confiantes de que vamos conseguir vender a lancha para algum entusiasta do mundo náutico ou político, dado o caráter histórico deste barco”, diz o leiloeiro catarinense Lúcio Ubialli, encarregado do negócio.

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O barco em questão é a histórica lancha Gilda, assim batizada pelo próprio ex-presidente Juscelino Kubitschek em homenagem à mais famosa personagem da atriz sensação da década de 1940, Rita Hayworth, “porque era tão bonita quanto ela”. E foi um dos grandes xodós do presidente que construiu Brasília.

“Sempre que queria impressionar alguém, JK convidava a pessoa para passear com ele no lago Paranoá a bordo da Gilda”, diz o ex-proprietário da lancha, o empresário de Brasília Gerard Souza, que passou dez anos restaurando a lancha e não gostou de saber que ela, agora, está indo a leilão.

“Agora, com o leilão, vai saber nas mãos de quem ela irá parar, e se o novo comprador vai saber cuidar direito de um barco que, além de exigir cuidados frequentes, porque é antigo e de madeira, faz parte da própria história da nossa República”, aponta. O empresário diz ter gasto mais de R$ 800 mil restaurando o barco, durante o tempo em que a lancha ficou sob seus cuidados.

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“Vamos buscar alguém que tenha condições de cuidar da lancha melhor do que nós”, diz o representante do atual proprietário, Roberto Corrêa, que passou os últimos meses colocando a lancha em plenas condições de navegar. Segundo ele, isso foi conseguido, mas gerou despesas. “Agora, a lancha está em perfeito funcionamento”, garante.

“A Gilda é uma lancha que tem história e não deveria ser vendida como um simples barco na Internet”, indigna-se o ex-proprietário, que após uma década restaurando o barco nos seus mínimos detalhes, o pôs de volta nas águas do lago Paranoá, 55 anos depois de JK ter feito o mesmo.

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Durante esse tempo, no entanto, a também chamada “Lancha dos Presidentes” (já que, além de JK, serviu também a Getúlio Vargas, Jânio Quadros, João Goulart, e Castelo Branco) esteve à beira de sucumbir de vez ao tempo, ao ser abandonada na beira do lago por anos a fio.

Mas, resgatada a tempo por uma iniciativa privada, sobreviveu e, agora, busca um novo dono, através da Internet.

Fonte: Histórias do mar

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