O novo carro-chefe da Azimut, o Azimut Grande Trideck, de 38 metros, empurra o estaleiro para o domínio dos superiates com estilo e graça.
Frisson é o termo científico para uma resposta psicofisiológica a um estímulo estético, também conhecido como “calafrios”. Para alguns, isso acontece quando se escuta Andrea Bocelli deixar uma parte de sua alma em um verso de Con Te Partiró. Para o designer Alberto Mancini, esse frisson veio inesperadamente, como acontece, enquanto ele sentava no beach club do Azimut Grande Trideck, no porto de Mônaco.
“Fui convidado a bordo por um dos proprietários”, disse o designer italiano de iates, “e eu estava olhando em volta para outros iates de tamanho semelhante e eles estavam 20 ou 30 anos atrás da Azimut com seu design. Honestamente, isso me deu calafrios”.
O barco mais recente, derivado da inovação constante do construtor, é o carro-chefe de 38 metros da linha Grande da Azimut e o primeiro iate de três decks da marca. É um superiate, sim, mas ainda é um barco rápido como as Azimuts devem ser. O arquiteto naval Pierluigi Ausonio projetou o casco D2P (deslocamento para planagem). O fundo tem três características principais que o tornam especial: um duplo chine que aumenta a estabilidade em velocidades lentas e reduz o arrasto em velocidades mais altas; uma proa com espiral de onda que estende o comprimento na linha de água, para aumentar a eficiência do combustível e minimizar o passo; e um skeg central para a integridade do curso. Mesmo com o skeg, o Azimut Trideck desenha pouco mais de dois metros, tornando-o capaz de navegar em todas as águas, exceto nas mais estreitas.
Com o martelo para baixo, esta Azimut pode se levantar e ir ao ritmo de 24 nós, rápido o suficiente para superar qualquer mau tempo inesperado. Ela pode atingir essas velocidades devido a dois MTUs de 2.600hp de eixo reto. A tão procurada sensação de vento no cabelo que essas velocidades geram, pode ser desfrutada em vários decks externos. O cerne do projeto e do apelo do Trideck estão nessas áreas, tanto que a Azimut descreve o iate como “três decks mais um”.
“Trabalhamos com Alberto Mancini para fazer um deck adicional na popa do deck principal”, explicou Marco Valle, CEO do Azimut Benetti Group, que cria um efeito de cascata desde o sundeck até o beach club. Este iate tem mais espaços para desfrutar do mar, disse ele, desde a proa mais tradicional, sundeck, deck superior e o beach club, até um deck principal de popa de níveis divididos.
Mancini, que aplicou um pensamento semelhante às suas colaborações anteriores com a Azimut, disse que o exterior em cascata foi o produto de um objetivo deliberado para chegar a uma característica distintiva. “Criamos uma popa devidamente adequada. Chamamos isso de ‘terraço de popa com vista para o mar’, e é um lugar encantador para desfrutar da água e da brisa com seus convidados, e complementa muito bem aquele beach club”.
Este “terraço” tem cerca de 30 metros quadrados de espaço, equipado com um amplo sofá em forma de U que deve ser um hotspot, esteja em movimento ou parado. Ele deixa muito espaço abaixo para um beach club de altura total.
A Azimut também queria que o beach club fosse o mais conectado possível ao ambiente marinho. “O maior problema de um beach club é que o deck é fechado por todos os lados, e os proprietários ficam presos nas sombras”, disse Mancini. “Ninguém quer isso. Criamos aberturas em ambos os lados do barco, para que você nunca se sinta oprimido como se estivesse em uma caverna. Em vez disso, você pode sentir o vento e a água em sua pele. Achamos que é uma grande conquista. É como nada que eu já tenha experimentado antes em um iate deste tamanho”.
O proprietário do primeiro Azimut Trideck, um cliente frequente que divide seu tempo a bordo entre o sul da Flórida e o Mediterrâneo, reforçou a opinião de Mancini. “O beach club está bem mobiliado e aberto à brisa do mar”, afirmou. “Você não se sente como se estivesse em algo fechado. É apenas um olhar e uma sensação de abertura, e está quase nivelado com a água. Assim, minha esposa pode deitar na cama e observar todos dentro da água. É como ter outro salão, exceto que é aberto ao meio ambiente. Nós amamos isso”.
O salão da proa também é um excelente lugar para relaxar em enormes espreguiçadeiras e na piscina do spa. Outro espaço na seção de popa do deck superior oferece vistas impressionantes e serve como cenário para refeições ao ar livre, devido a uma mesa de jantar que pode facilmente acomodar oito pessoas. Um “skydeck” com chaises longues fica acima de tudo, trazendo os adoradores do sol para mais perto de seu deus.
É claro que, com todos esses espaços ao ar livre, teria sido fácil para as linhas do iate se tornarem um tanto quanto tortas e pesadas. Mas a Azimut e Mancini entendem que para qualquer coisa bonita, a proporção é fundamental. Eles se esforçaram muito para garantir que os elementos estéticos da embarcação funcionassem em harmonia.
Por sua vez, Mancini aponta para seu pedigree de design automotivo. “Quando se trabalha com automóveis, o objetivo principal é sempre acertar a proporção correta e, portanto, esse é sempre o meu objetivo com os iates”, afirmou. “Sou inspirado pelos carros esportivos e por essa indústria. Mesmo um carro que tem apenas talvez cinco metros de comprimento, informa diretamente o que farei com um iate como este, que tem 38 metros”.
O Azimut Trideck tem um inegável je ne sais quois a sua aparência exterior. Talvez seja a forma como o deck superior se assemelha à linha vertical relativamente reta, ou a proporção da proa à superestrutura, que parece imitar a mistura de gravidade e extravagância vista em um Bentley ou Rolls-Royce.
Mancini apontou que nem uma gota de navegabilidade foi sacrificada pela estética. “Tenho uma boa parceria com o departamento técnico da Azimut”, revelou ele. “Temos e-mails e reuniões diárias sobre o processo de construção e design. Eles me deixam desenhar o que eu quero começar. Você pode chamar essa parte de ‘o passo romântico’. Eu esboço o que sinto e eles não me dizem ‘Oh, você não pode fazer isto, você não pode fazer aquilo’. Eles me permitem fazer um brainstorming e depois a equipe de design trabalha com minha visão passo a passo, para abordar as questões técnicas e práticas, e garantir que tudo funcione perfeitamente”.
Uma decisão técnica que rendeu dividendos à Azimut foi a de usar o máximo possível de fibra de carbono, particularmente na superestrutura, que é inteiramente laminada no material. Um fator determinante do design do iate foi mantê-lo o mais leve possível, sem sacrificar a integridade estrutural, e a fibra de carbono ajudou a conseguir isso. Ela inclina a balança com relativamente leves 190 toneladas no deslocamento total, e a decisão de usar fibra de carbono compensou em seu volume interior, outra área importante do desenvolvimento do Trideck. Há tanto espaço que a Azimut oferece uma opção para uma sexta cabine para convidados no deck superior. Valle disse que cinco, dos seis cascos que a empresa vendeu, aproveitaram o layout de seis cabines, que é a única grande personalização de layout disponível.
O designer de interiores do iate, Achille Salvagni, que cria os interiores para todos os modelos da série Grande, entrou no projeto com um conceito simples, mas ambicioso em mente. “A verdadeira força disruptiva por trás deste projeto é o desejo de definir um uso alternativo para os ambientes, abrindo-os e, ao fazê-lo, apresentando novas maneiras de vivenciar o barco”, disse ele. “Quando a função de um determinado espaço não é estritamente definida, ele se torna mais fluido e mutável, moldado em torno da necessidade de convivência e socialização”. Em outras palavras, uma mente aberta leva a um espaço aberto.
Essa fluidez se manifesta na ausência de uma sala de jantar formal no deck principal. Em vez disso, as refeições podem ser servidas em mesas no deck superior, no terraço ou na seção ao ar livre do deck principal. Esta escolha abre o salão para um entretenimento mais casual e também o torna um espaço volumoso para festas. O objetivo é incorporar uma atmosfera solta e flexível.
As linhas interiores – talvez melhor exemplificadas pelos móveis que fogem dos cantos – foram projetadas por Salvagni para serem “suaves e sinuosas”. Cremes claros e cinzas combinam suavemente com os tecidos da marca Dedar, nos folheados, e nos mármores e outras pedras encontradas por toda parte.
O trabalho de Salvagni deixou os clientes da Azimut entusiasmados. “Se você olhar para o teto, o chão, em todos os lugares, há muito estilo italiano, o que eu gosto”, disse o proprietário. “O ajuste e o acabamento dão uma verdadeira sensação de megaiate. E a qualidade também. Começa nas grades, e vai para os corredores e espaços interiores. E outro aspecto, ligeiramente diferente, que eu adoro nele é o isolamento que se pode sentir no barco. Eles fizeram um trabalho maravilhoso com o isolamento acústico. Para mim, é importante que quando se anda em uma seção do barco, não se possa ouvi-lo em outra seção. E esta Azimut é quase totalmente silencioso por dentro. É incrível”.
O interior exuberante e atencioso combina com uma forte ênfase na vida ao ar livre, para criar um iate que possa fazer tudo. “Quando estou no Mediterrâneo, gosto de ir a Mônaco e aos lugares mais chiques, e sair para as festas e restaurantes, e as linhas [do Trideck] e o alto estilo a tornam perfeita para isso”, disse o proprietário. “Mas também viajo com minha família e quero ir para as ilhas mais isoladas, e realmente ter a chance de desfrutar do ambiente natural em paz e sossego, e ela também pode fazer isso. Eu realmente não conheço nenhum outro barco que possa ir para qualquer outro lugar tão habilmente quanto este. Minha família e eu esperamos criar muitas boas lembranças a bordo”. É o suficiente para dar calafrios a qualquer um.
