Veleiro é invadido e saqueado por ‘piratas’ no acesso ao Porto de Santos, SP

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Valeiro 'Azul Marinho' foi alvo de criminosos no acesso ao Porto de Santos, SP (Foto: Arquivo Pessoal)

Crime com o veleiro ocorreu em frente à Fortaleza da Barra, no acesso marítimo ao cais santista. Velejador chegou a ficar refém dos criminosos

Por José Claudio Pimentel, G1 Santos

Fotos: José Claudio Pimentel/G1 – Jéssica Bitencourt/G1

Um velejador foi mantido refém ao ter a embarcação invadida por três rapazes armados, enquanto navegava nas proximidades da Fortaleza da Barra, em Guarujá, no litoral de São Paulo, no fim de semana. Os criminosos fugiram em um barco menor, em direção ao bairro Santa Cruz dos Navegantes.

O crime ocorreu na tarde de sábado (3). “Era uma estreia, já que eu tinha acabado de reformar todo o veleiro. Mas bem em frente ao forte, eu olhei para trás e vi três armas apontadas para mim”, lembra Irineu Bottiglieri, de 69 anos, único a bordo no momento do crime.

“Dois deles entraram no veleiro. Eles me perguntaram se tinha mais alguém no barco, e eu falei que não. Em seguida, um sentou ao meu lado, apontando a arma, e o outro foi procurar as coisas”, conta. A ação foi rápida e durou pouco menos de 10 minutos.

O local do crime, indicado pelo velejador, localiza-se entre as cidades de Guarujá e Santos, e serve de acesso ao complexo portuário, a marinas e clubes náuticos. “Com certeza, quem estava olhando do lado de Santos viu o que aconteceu. Talvez não tenha reparado”, diz.

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Local do crime fica entre Guarujá e Santos, no acesso ao Porto (Foto: José Claudio Pimentel/G1)

 

Na varredura, os criminosos conseguiram encontrar uma quantia em dinheiro e bens pessoais da vítima, que mora em São Paulo. O prejuízo aproximado é de R$ 2 mil. “Ele são da faixa dos 20 anos e fugiram em direção à Pouca Farinha (Santa Cruz dos Navegantes)”, afirma.

Em seguida, Irineu, que não ficou ferido, retornou à sede náutica de um clube, onde o barco fica atracado. “Eu poderia ter acionado alguém via rádio, mas resolvi voltar e pedir ajuda. Não sabia o que, de fato, estava acontecendo e quem eram os caras”, explica.

No local, funcionários prestaram auxílio. “A gente acionou a polícia e os líderes da comunidade na mesma hora. Todos sabem quem são os caras. No domingo (4), a polícia foi à comunidade, mas não conseguiu achá-los”, conta o diretor náutico do clube, Ronei Figueiras Alves.

“O problema é que isso (crime no mar) está se tornando cada vez mais comum. Não há quem, de fato, faça a segurança no mar. Chegou ao ponto da gente pensar em contratar seguranças particulares”, relata o diretor. Ele teme eventuais prejuízos ao setor na região.

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Ocorrência seria apresentada no 3º DP de Santos, que estava fechado (Foto: Jéssica Bitencourt/G1)

Em 13 de maio, três pescadores foram obrigados a abandonar uma lancha nas proximidades da Ilha das Palmas, também em Guarujá. Armados, três rapazes em uma embarcação menor fugiram com o barco das vítimas, que foram deixadas em um rochedo nas proximidades.

Neste caso, o velejador tentou registrar o crime no 3º Distrito Policial de Santos, na Ponta da Praia, mas o encontrou fechado – aos finais de semana ele não funciona. A falta de policiais é alvo de denúncia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do sindicato da categoria.

“Falaram para eu ir à delegacia do Centro (onde funciona o plantão da Central de Polícia Judiciária de Santos). Não fui, pois não sabia chegar. Eu estava de moto e meu medo era ser roubado novamente, daí seriam dois boletins: um de terra e outro do mar”, explicou.

Irineu disse que já mandou fazer novos documentos e aguarda a emissão deles para retornar ao litoral e registrar o crime. “Em quase 70 anos, foi a primeira vez que eu fui assaltado. Depois disso, infelizmente, penso em vender o barco”, desabafou.

A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), informou que não foi notificada sobre o crime. Mesmo assim, disse que a função da autoridade marítima é de garantir a segurança do tráfego aquaviário, e não de casos de segurança pública.

A Polícia Federal, que pela legislação tem a atribuição de polícia marítima, disse que ficou ciente do ocorrido, mas também afirmou que o procedimento de investigação, nesse caso, cabe à Polícia Civil. Como a ocorrência ainda não foi registrada, não há inquérito instaurado.

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