Expedição
O veleiro Fraternidade, que percorreu 20.000 milhas náuticas, iniciou a navegação no dia 5 de fevereiro deste ano, quando saiu da capital baiana. Desde então, a tripulação passou por Natal (RN), no litoral brasileiro, e pelo Caribe, Panamá, Havaí, Canadá, Alaska, Groelândia e no arquipélago de Açores, um território autônomo de Portugal.
Ao longo da viagem, a equipe superou desafios, como os ventos fortes entre Panamá e Havaí, além dos riscos de colisão com os grandes navios na passagem pelo canal que liga o Atlântico ao Pacífico, uma das rotas comerciais mais importantes do mundo. “Tudo tremia (com o vento) e metia medo que os panos não aguentassem e fomos obrigados a apelar para os rizos (redução de vela). Estávamos meio esquecidos desta manobra, mas deu tudo certo. A maior preocupação era com os navios, para evitar que um deles passasse por cima da gente”, relatou o comandante, à época.
Belov ainda narrou sobre outras adversidades ao chegar às águas geladas do Ártico: “Saímos bem, atravessamos o Estreito de Bering, vendo, ao mesmo tempo, o Alaska por boreste e a Sibéria por bombordo. Já sabíamos que lá na frente, em Barrow, estava tudo fechado de gelo, mas fomos seguindo, confiando que o gelo ia terminar por derreter. Durante a última semana (no início de agosto), vínhamos pegando a carta de gelo pela internet e o degelo estava avançando. Mas, para nossa surpresa, depois que saímos, o degelo deu um retrocesso. O vento norte empurrou o gelo para o sul e piorou ainda mais o que já não estava bom”.
Ele acrescentou que, em determinados momentos, o veleiro teve que ficar preso a um bloco de gelo à deriva, esperando uma brecha no mar congelado para seguir adiante, o que, felizmente, aconteceu, possibilitando que o desafio de atravessar a Passagem Noroeste fosse alcançado, com sucesso, em setembro deste ano.