Raios no Mar: o especialista responde

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Tivemos um começo de ano com muitas tormentas e, principalmente, raios. Eu estava com amigos na nossa Phantom e ficamos preocupados, pois vimos vários raios atingirem o mar perto de nós. O que fazer numa situação destas? Pergunta de Miguel Barreiro, São Paulo.

A pergunta é bastante oportuna. O Brasil é campeão mundial em incidência de raios. A melhor coisa a fazer durante uma tempestade com raios é não estar num barco no mar. Às vezes podemos ser pegos de surpresa numa situação destas. Mas basta manter a calma e se proteger. Antes de falar como, vamos tentar entender alguns fatos sobre este fenômeno.

1- O raio é uma descarga de energia entre a terra e as nuvens, que nada mais é do que uma forma pela qual a natureza equilibra as cargas elétricas.

2- Todo e qualquer material, inclusive os isolantes, podem virar um condutor. Tudo depende da diferença de potencial a que ele é submetido. O ar é um exemplo. Em casa não vemos faíscas voando pelo ar nas tomadas das paredes, mas vemos o mesmo ar virar um condutor quando enxergamos um raio.

3- Durante uma descarga, o corpo mais carregado eletricamente despeja uma quantidade enorme de energia sobre o corpo menos carregado até que ambos equalizem os potenciais. Esta descarga busca sempre seguir pelo caminho mais curto, ou seja, o caminho mais condutor.

4- Todo para-raios, na verdade, não para raio nenhum. Ele atrai os raios para si evitando que eles atinjam prédios, bens e pessoas no seu entorno. Para-raios são hastes de metal, portanto, bons condutores. Na extremidade que aponta para o céu são pontiagudos, para ajudar na ionização do ar, facilitando o caminho para receber os raios. Na outra extremidade estão conectados à terra por meio de um cabo de aço ou cobre. A grosso modo, podemos dizer que um para-raios cria um cone de proteção de 45 graus embaixo dele. Assim, tudo o que estiver dentro deste cone estaria fora do alcance de uma descarga atmosférica.

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Vamos à sua pergunta:

Se uma descarga atingir uma embarcação de metal, ela vai escoar pelo próprio casco para o mar. Se o mesmo raio cair numa embarcação de fibra ou madeira, com casco isolante, com certeza vai procurar o menor caminho e o mais condutor possível até descarregar no mar. Vai entrar por uma antena, um guarda mancebo ou um mastro. Daí a primeira conclusão é que durante uma tempestade de raios deve-se evitar encostar em qualquer metal a bordo.

No caso de um veleiro, deve-se usar o mastro a seu favor, ligando a sua base diretamente à quilha de chumbo. Antenas no topo do mastro devem ter a base conectada ao corpo do mastro. Ao não fazer isto, corre-se o risco de que, ao ser atingida por uma descarga, esta corra pela fiação elétrica interna ao mastro queimando equipamentos. A descarga irá buscar o ponto mais baixo do casco, provavelmente as bombas de porão, para finalmente atingir o mar. Isto pode causar orifícios em cascos de fibra, causando inundação.

Numa lancha como a sua Phantom, como dito anteriormente, o melhor seria não estar ali, porém, se for inevitável, a recomendação é abaixar antenas, varas de pesca, outriggers, etc., entrar na cabine e ficar longe de qualquer metal pontiagudo que sirva de para-raios. Assim, dificilmente o barco será atingido.

 

Por Roberto Brener

 

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